A inovação aberta pode ser definida como uma cocriação dinâmica. Ela pode ser desenvolvida em parceria com universidades, grandes empresas, startups, entre outras. Nesse sentido, é possível contar com companhias que atuam em um mesmo segmento, em busca de soluções inovadoras para um objetivo em comum. 

Desenvolvido pelo professor Henry Chesbrough, o conceito atua na ampliação da visão dos recursos e caminhos disponíveis para a inovação, além das fronteiras da empresa. Dessa forma, pode ser considerada uma estratégia que engloba todo o negócio, onde é possível gerenciar novos projetos. Além disso, colocá-la em prática ajuda a otimizar processos e encontrar respostas que não seriam encontradas de maneira individual. 

Entenda o que é inovação aberta, quais são suas principais aplicações, vantagens e desvantagens: 

O que é inovação aberta?

Inovação aberta, ou open innovation, é um conceito criado no começo dos anos 2000 na universidade de Berkeley, nos Estados Unidos. Basicamente, ela mapeia as vantagens de processos colaborativos entre a empresa e seus stakeholders na criação de novos produtos e serviços.

A ideia, em geral, é que as instituições que adotam um modelo aberto de inovação têm mais resultados positivos e aprendizados profundos.

Isso acontece porque a informação hoje é mais distribuída e democratizada e porque aprendizados e estudos coletivos são benéficos a todos os participantes. A inovação aberta também é uma forma de agregar valor às marcas e posicionar empresas no mercado.

Quando a inovação aberta surgiu?

O termo inovação aberta apareceu pela primeira vez através do teórico de organizações e professor de gestão empresarial Henry Chesbrough, em 2003, no livro “Inovação Aberta: Um Novo Imperativo para Criar e Lucrar com Tecnologia”. As premissas iniciais propostas pelo autor são que sem inovação as empresas morrem e que o aprendizado coletivo é mais eficiente que o individual.

Entre 2006 e 2020, Chesbrough publicou mais cinco livros com atualizações e aprofundamentos do conceito, além de atuar como consultor e realizar palestras em conferências em todo o mundo.

Alguns exemplos de inovação aberta como estratégia corporativa vêm da Philips, Netflix, Coca-Cola, GE Capital e Hyundai, que desde meados dos anos 2000 incorporam diferentes programas de inovações colaborativas.

Como funciona o processo de inovação aberta com startups?

O processo de inovação aberta pode acontecer a partir do momento em que uma empresa decide se abrir a novas ideias. Através de diferentes iniciativas de troca, a inovação aberta oferece vantagens para startups, pois acelera processos de colaboração e transformações.

Alguns processos de inovação aberta que podem ser promovidos por startups:

  • cocriações (inovações lideradas por profissionais ou empresas convidadas)
  • aquisições (startups absorvidas por grandes empresas)
  • joint ventures (novas companhias criadas através da união de outras)
  • programas de aceleração (startups sendo patrocinadas por grandes companhias)
  • crowdsourcing (pessoas físicas colaborando diretamente com empresas)
  • hackathons (competições de tecnologia, internas ou abertas para interessados)

Startups também podem realizar ações de inovação aberta internamente, de forma estratégica, buscando soluções e ideias através de esforços conjuntos entre colaboradores e stakeholders.

Inovação aberta: vantagens e desvantagens

Estratégias e processos de colaboração aberta podem reduzir tempo e custo de desenvolvimento e produção, uma vez que projetos realizados por mais pessoas são finalizados mais rapidamente. 

Além disso, projetos pensados por diferentes profissionais em conjunto são mais passíveis de testes e revisões, diminuindo riscos e possibilidades de erros.

Outro ponto importante é que projetos colaborativos tendem a incentivar a troca de habilidades e conhecimentos, principalmente entre profissionais com experiências e áreas de expertise diferentes, trazendo mais criatividade nas propostas e soluções de problemas.

A inovação aberta pode ser ainda uma poderosa estratégia de networking entre profissionais e empresas.

Desvantagens – ou pontos de atenção – da inovação aberta

É preciso, porém, atenção para não criar situações desvantajosas para a inovação aberta, como o compartilhamento de informações estratégicas privadas. Também é necessário mensurar antecipadamente a complexidade do processo. 

No geral, processos de inovação aberta devem ter objetivos, etapas e mensurações bem definidas para que sejam bem-sucedidos.

Tipos de inovação aberta

Existem três tipos de inovação aberta: de entrada, de saída (outbound) e coupled.

Inovação aberta de entrada (inbound open innovation)

Na inovação aberta de entrada, a tecnologia ou solução de inovação é criada de forma conjunta e então aplicada por uma empresa através de seu próprio processo e recursos. Por exemplo, um sistema de geração de energia elétrica criado por pesquisadores e apropriado por uma empresa que vai fornecê-lo para a população.

Inovação aberta de saída (outbound open innovation)

Na inovação aberta de saída, a empresa desenvolve uma tecnologia ou solução que é compartilhada com parceiros externos, como pesquisadores ou startups, que vão desenvolvê-lo ou comercializá-lo. Por exemplo, uma empresa cria o conceito de um aplicativo, que será desenvolvido e comercializado por um parceiro.

Coupled

Na inovação aberta coupled, a pesquisa, resultados e aplicações são resultado e responsabilidade de todos os participantes do processo. Por exemplo, uma empresa contrata um profissional ou especialista de outra área para atuar de forma conjunta no desenvolvimento de uma solução, assinando e implementando o projeto em parceria.

Como criar uma cultura que estimule a inovação aberta?

Inovação é um processo de tentativa e erro que precisa ser constantemente acompanhado e mensurado para identificar sucessos e aprender com fracassos.

Estimular o trabalho criativo e coletivo, manter abertos canais de diálogos e ter políticas de tolerância de erros são essenciais para criar uma cultura de inovação dentro de empresas de qualquer tamanho.

Ideias para implementar a inovação aberta nas empresas

Existem vários formatos para implementar projetos de inovação aberta dentro de uma empresa e é importante destacar que qualquer novo método de colaboração, interna ou externa, sempre deve sempre ser estudado em detalhes antes da implementação. 

O melhor formato sempre vai depender do objetivo final e dos recursos disponíveis. Abaixo, alguns exemplos comuns:

Hackathons

Hackathons são eventos normalmente com foco em desenvolvedores, programadores e especialistas em tecnologia, que se reúnem para encontrar, juntos ou em competição, a melhor solução para um problema.

Cocriação

Uma construção conjunta de ideias, que deve ter objetivo, informações e recursos bem definidos para que aconteça da melhor forma. Em uma cocriação é importante que o diálogo aconteça em todas as etapas.

Crowdsourcing

Busca de soluções e tecnologias de inovação normalmente com foco na criação de produtos e serviços através da participação de agentes externos com plataformas específicas — por exemplo, comunidades virtuais. O crowdsourcing pode ser usado para buscar tanto novas ideias quanto sugestões de melhorias de produtos já existentes.

Inovação aberta: exemplos

Entre os exemplos de programas de inovação aberta no Brasil temos a Natura, o Bradesco, a Raízen, o Pulse e a Nestlé.

Pioneira na aplicação do conceito no Brasil, a Natura criou o programa Natura Startups em 2016, com a intenção de fortalecer a marca no ecossistema de inovação nacional, fomentando o empreendedorismo local e gerando novas oportunidades e conexões. 

O InovaBra, do Bradesco, reúne empresas, investidores e mentores para acelerar novas iniciativas de negócios. Diverso, o programa abriga de startups de turismo afrocêntrico a aplicativos de mobilidade urbana, passando por uma plataforma de recolocação de pessoas 50+ no mercado de trabalho.

Outro exemplo é o Pulse, um hub de inovação que conecta startups com oportunidades de negócios da Raízen. Nele, é possível criar, em conjunto com a empresa de energia, projetos de negócios. Além disso, o canal oferece oportunidades de desenvolvimento profissional e networking.

Já o Panela, programa de aceleração aberta da Nestlé, reúne programas de diferentes modalidades em busca de soluções para cocriar o ecossistema alimentar regenerativo do futuro, conectando a companhia com startups, universidades e parceiros do ecossistema de inovação.

Faça seu cadastro e conheça a Panela House, o espaço de inovação aberta da Panela Nestlé