O que é um hub de inovação e como empresas, pequenas e grandes, podem se beneficiar desse sistema?
Para tirar essa e outras dúvidas sobre como um hub de inovação funciona, o Panela trouxe um especialista no assunto: José Eduardo Azarite – conhecido como Aza –, um dos criadores da consultoria Venture Hub Corp e parceiro da Nestlé na criação e gestão do Panela.
O que é um hub de inovação?
O conceito do hub de inovação é a criação de um espaço físico que estimula a interação entre diferentes stakeholders de uma empresa, incentivando o surgimento de soluções e ideias inovadoras.
Para startups, é especialmente um ambiente para testar tecnologias e avançar o networking.
“O hub de inovação é uma das ferramentas para surfar um sistema de inovação aberta,” explica Aza. “Criar um hub é ativar um ecossistema a partir de um ponto físico. Mas por trás tem marketing digital, criação de conteúdos relevantes e o uso de mídias digitais. O hub requer uma gestão de comunidade, é um negócio cheio de stakeholders que não se conectam espontaneamente e requerem processos estruturados para que isso aconteça.”
Como funciona um hub de inovação?
Para Aza, “não existe uma única receita de bolo. Toda questão começa com a estratégia de inovação corporativa: a estratégia de inovar.” O hub vai funcionar de acordo com a necessidade e os objetivos da empresa.”
Mas, para começar, é necessário pensar que o hub pode ser interno ou externo.
Um jeito simples de entender isso é pensar em termos de “dentro” ou “fora” da empresa. O Cubo, do Itaú, e o InovaBra, do Bradesco, são hubs externos. A Oxigênio, da Porto Seguro, O Pulse, da Raízen e o Panela, da Nestlé, são hubs internos.
Hub interno e hub externo: qual modelo adotar?
Segundo Aza, o hub interno, muitas vezes chamado de lab de inovação, ajuda mais fortemente nas atividades de cultura de colaboração e já traz ações ligadas ao branding e à estratégia de inovação. Enquanto isso, o externo tem uma visão mais intensa de negócios e cocriação.
Então, qual é o melhor modelo a ser adotado? Apesar de não existir um formato pronto, Aza pontua que é diferente para empresas consolidadas ou no início da jornada de inovação:
“Na minha opinião, para as empresas mais maduras do ponto de vista de cultura de inovação e colaboração, tanto faz ser dentro ou fora. Mas, para as que estão mais early stage, é recomendável primeiro participar de hubs externos para aprender, ver como funciona. E, em paralelo, começar com iniciativas internas. Essas iniciativas podem ter mais apelo cultural do que resultado de negócio, porque você tem que medir o quanto a cultura da casa vai aceitar um hub externo ou interno.”
A dica do especialista no assunto é: “sempre começar pequeno dentro de casa e depois começar a ligar pra fora – que é o que a Nestlé está fazendo com o Panela. É uma discussão estratégica que começa com a seguinte pergunta: o seu processo de inovação está em um momento mais cultural ou mais de negócios?”
Qual é a importância dos hubs de inovação?
Os hubs de inovação são espaços de validação que ajudam empresas a desenvolverem seus processos de negócios, produção, produtos ou serviços, usando networking e tecnologias digitais.
A troca entre diferentes stakeholders cria acesso a conhecimentos técnicos e experimentações que permitem às empresas, de qualquer tamanho, “testar antes de investir”.
No caso da Nestlé e de seu hub Panela, a importância está na gestão de uma comunidade que já existe ao redor da empresa e que precisa de oportunidades para se reunir, como explica o Aza:
“A Nestlé nos procurou pela nossa experiência com inovação aberta. A Venture Hub atua acelerando startups com empresas e centros de pesquisa visando negócios em ecossistema e baseados em tecnologias. Olhando pra isso, a Nestlé pensou: será que eles não podem nos ajudar na operação de um hub interno com essa mesma filosofia? A companhia já tinha apoio de outras empresas e parceiros dentro de seus processos de inovação, e a Venture veio para ajudar o Panela a desenvolver processos de operação de comunidades. No fundo, você fazer coisas em ecossistema é fazer gestão de uma comunidade de interesses de negócios.”
E como isso se aplica para o setor de Nestlé?
“No caso de food, eu tenho gente de ingredientes, matéria-prima, processo fabril, investidores… um monte de gente importante! E essa galera não se reúne espontaneamente para colaborar. Ajudar a Nestlé a operar o hub é ajudar a criar esses processos e operar essa comunidade em conjunto.”
8 benefícios dos hub de inovação para startups
Algumas vantagens de um hub de inovação são:
- Ter acesso a diferentes recursos de suporte de operações, sejam espaços físicos ou virtuais
- Experiências de cocriação
- Geração de conexões entre diferentes stakeholders
- Agilidade na identificação e solução de desafios
- Conexão com demais players do mercado, sejam empresas consolidadas ou startups no começo da jornada
- Criação de uma cultura de inovação e colaboração
- Atração de talentos que não chegariam através de processos formais de RH
- Atuação como sensores estratégicos para capturar oportunidades
Como criar um hub de inovação?
Como não existe uma receita única, Aza conta como foi a criação de Panela dentro da Nestlé:
“O Panela começou uma iniciativa mais tímida de conexão, mas com toda a teoria de hubs internos muito bem organizada. A Nestlé estava participando de iniciativas externas, como o Tech Start Food Innovation 2020, um programa de aceleração de startups e projetos da Venture Hub, com várias empresas. E começou a perceber que muita gente de dentro da empresa começou a ter interesse em lançar desafios, a se conectar com startups e a ter acesso a esse mundo da inovação. E naturalmente a Nestlé, que já tinha criado um pouco desse modelo colaborativo, pensou em criar um ponto de apoio para essas pessoas colaborarem mais amplamente e fazerem negócios em ecossistema.”
O ponto principal da criação de um hub é a conexão de pessoas e ideias.
“Quando você cria um hub, precisa criar processos estruturados de conectar pessoas e empresas visando negócios. É esse o ponto. A Nestlé criou internamente uma série de processos de conexão e incentivo a startups e centros de pesquisa. E, ao criar o hub, o Panela se tornou um ponto de referência externa da comunidade interna que quer interagir em inovação“, comentou Aza.
Como fazer parte de um hub de inovação?
Para Aza, nosso consultor de estratégias de hubs de inovação, um espaço como o Panela é um canal para empreendedores, fornecedores etc., chegarem até a Nestlé. E a melhor forma de fazer parte disso é estar atento, de olho e em contato com as empresas do setor.
“No mundo tradicional, como isso se daria? Essa aproximação seria longa, através de portal de compras, por exemplo. Mas, imagina, de repente vai ter no Panela um talk sobre ESG em cadeia de food. Uma pessoa interessada na área pode estar lá, pode assistir, pode se conectar diretamente com pessoas da área. O Panela está o tempo todo identificando os desafios das áreas da Nestlé, isso é parte de um processo estruturado.”
Outro exemplo: “No chute, só imaginando um cenário: a Nestlé precisa melhorar a logística. O que ela pode fazer? Pode criar um processo de geração de ideias internas e de necessidades logísticas que vão subsidiar uma chamada para startups dessa área apresentarem soluções, que vão ser debatidas e depois implementadas. É um processo muito mais ágil.”
Conheça o hub de inovação da Nestlé
O Panela é o hub de inovação da Nestlé, que conta com um ecossistema completo, com espaço físico para eventos e uma cozinha experimental para foodtechs, o Panela House. Além disso, por lá também tem pesquisas com consumidores, desafios para startups e muita troca de informações.
Objetivando cocriar os sistemas alimentares do futuro, o Panela reúne em uma mesma estrutura:
- startups
- universidades
- fornecedores
- colaboradores
- aceleradoras
- incubadoras
- e parceiros empresariais
Enfim, todos que estejam na busca de soluções sustentáveis por meio de diferentes programas.
Mas, afinal, o que significa inovação dentro de um contexto empresarial? Vem com a gente nesse texto para entender tudo!